7 de outubro de 2024

Recaídas de drogas sobem 30%

 Recaídas de drogas sobem 30%
Recaídas de dependentes químicos em tratamento sobem 30% em São Luís – Foto: Reprodução

O desemprego e o afastamento social provocados pela pandemia de coronavírus estimularam a reincidência do álcool e de drogas ilícitas, em atuais e ex-pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps-AD) em São Luís. Preocupado com o aumento de 30% nas recaídas, o diretor da instituição, Marcelo Costa, que é terapeuta e especialista em Saúde Mental, afirma que depois do primeiro gole de bebida alcoólica, ou uso de qualquer outra droga, perde-se todo um trabalho.

O diretor relata que as pessoas dizem: “É só hoje, estou que não me aguento mais”. Aí, passa daquela linha tênue entre estar limpo e não estar mais. É o caso de um servidor público, de 54 anos. Desintoxicado havia dois anos, ele recaiu no crack em um dos dias de quarentena. “Moro sozinho e os dias estão angustiantes com o isolamento social”, confidenciou o servidor público que, após a reincidência ao entorpecente, devido à inusitada situação gerada pela pandemia, nesta quinta-feira (28), voltou a frequentar o Caps-AD – localizado no bairro do Monte Castelo, na capital maranhense.

Rotina afetada

O terapeuta responsável pelo Caps-AD informou que as consultas médicas na Instituição são feitas à distância, por telemedicina, no período de quarentena. Já a entrega de remédios, atividades lúdicas e as oficinas terapêuticas permanecem de forma presencial, na unidade, e tanto os funcionários quanto os pacientes fazem o uso de equipamentos de proteção individual. Mas, mesmo com as portas abertas, o movimento caiu, em decorrência da pandemia.

Isto porque as medidas restritivas de combate à Covid-19, determinadas pelo Poder Público, tiveram impactos, também, no processo de cura da dependência química. “Temos muitos pacientes que são trabalhadores autônomos que, sem poder trabalhar, passam por dificuldades financeiras. Esse público está sem recursos até para o transporte de suas casas ao Caps-AD. E por essa e outras circunstâncias, o fluxo de pessoas na unidade caiu; em contrapartida, as recaídas aumentaram em 30%”, ressalta Marcelo Costa.

Marcelo Costa no Caps-AD; artesanatos fabricados por pacientes decoram a sala do terapeuta  (divulgação)

Pedidos de ajuda

Para obter ajuda especializada no Caps-AD, dependentes químicos podem ser atendidos tanto por telefone, como presencialmente, quando, acompanhado de um familiar, vai à estrutura física da instituição. Segundo o terapeuta Marcelo Costa, a Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) de São Luís envia “guias” nomeadas, para os acessos regularizados de pessoas aos serviços do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas.

O diretor esclarece que o Centro tem modelos de atendimento, definidos pelos profissionais de saúde (médico, psicólogo, psiquiatra e enfermeiros), a partir das avaliações feita, em cada pessoa que procura a unidade. “Há quem precisa ir ao Caps-AD todos os dias. Algumas pessoas, só uma ou duas vezes na semana. Outras, a cada 15 dias, ou uma vez ao mês. Em todas essas circunstâncias, elas passam o dia, e retornam para suas respectivas casas à noite. No caso de internação, temos a Unidade de Atendimento (UA), no bairro da Cohab, que funciona 24 horas”, destaca o diretor.

Raiz neuroquímica

O especialista em saúde mental garante que dependência química não é somente uma questão psicossocial, pois a ânsia pela droga está no cérebro, em que receptores causam a fome mental de usar substâncias químicas. Marcelo Costa lembra, também, que se uma pessoa tiver uma força de vontade extrema, poderá vencer a abstinência. Mas, no tratamento do crack, por exemplo, cerca de 80% das pessoas necessitam de apoio terapêutico.

Marcelo ajudou a implantar o Caps-AD estadual, há 12 anos. O endereço sempre foi o mesmo, no Monte Castelo. Já a Unidade de Atendimento da Cohab tem cinco anos de existência. “Já realizamos 14 mil atendimentos, e 20% deixaram ‘definitivamente’ de usar drogas. Cerca de 45% diminuíram o consumo, e 35% abandonam o tratamento nos três primeiros meses”, detalha o diretor.

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