13 de novembro de 2024

Lixões a céu aberto: de quem é a culpa?

 Lixões a céu aberto: de quem é a culpa?

Zika, chikungunya e dengue são umas das doenças mais temidas pelos maranhenses nos últimos anos. Elas são transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, que precisa ser combatido em uma ação conjunta entre o poder público e a população.

O poder público faz sua parte com ações de conscientização e combate direto com os agentes de saúde. Os moradores fazem seu papel e não deixam água parada nas residências. Mas de quem é a culpa quando a zika, chikungunya, dengue e outras doenças se proliferam nos pequenos lixões espalhados nos terrenos baldios em São Luís?

Os mini lixões já se tornaram comércio. Diariamente carroceiros tiram o sustento levando entulho e lixo para o local. Na Cidade Operária, nas proximidades da UEMA, os catadores até montaram acampamento no terreno baldio para separar o material reciclável do lixo e vender. O terreno foi cercado pela Prefeitura de São Luís, mas a prática de colocar resíduos no local ainda continua, mesmo com as placas de conscientização.

Acampamento montado por catadores na Av.: Oeste Interna, Cidade Operária (Foto: Tarcísio Brandão/Rádio Notícia Maranhão)

Para Maria do Carmo, que mora na Cidade Operária há quinze anos, a situação do lixão do bairro é uma falta de respeito. “O odor chega até as casa e incomoda muito. Fora a sujeira, ninguém pode transitar nas ruas perto próximas durante a noite, porque as pessoas são assaltadas”, relatou.

Segundo Iran Sousa, consultor de vendas de uma concessionária de motos próximo ao lixão da Cidade Operária, o mau cheiro afasta os clientes. “Quando os catadores estão separando lixo eles queimam pneus e a fumaça tóxica toma conta de toda rua. Isso representa um risco para nós, porque a gente trabalha com veículos e se o fogo passar para loja pode causar uma tragédia”, destacou.

Mesmo com a placa de conscientização, o terreno na Cidade Operária continua receber lixo (Foto: Tarcísio Brandão/ Rádio Notícia Maranhão)

No Terceiro Conjunto Cohab-Anil, a situação da Avenida 17 é semelhante a da Cidade Operária. Recentemente, foi feito uma limpeza no terreno que fica do lado do prédio abandonado da Caema, mas os populares continuam usando o local como lixão. Além do cheiro, os moradores das proximidades reclamam que o lixo atrai uma diversidade de insetos e amimais peçonhentos.

Lixão ao lado do prédio abandonado da CAEMA no III Conjunto Cohab Anil (Foto: Tarcísio Brandão/ Rádio Notícia Maranhão)

Os urubus tomam conta de um lixão localizado na Avenida Boa Esperança no Residencial Pinheiros, nas proximidades de um motel. O volume de lixo cresce por causa da ação de carroceiros e de pessoas que passam no local e aproveitam para deixar o lixo doméstico.

Lixão na Avenida Boa Esperança, Residencial Pinheiros (Foto: Flávio Chocolate/Rádio Notícia Maranhão)

São Luís produz quase duas toneladas de resíduos todos os dias, de acordo com um levantamento feito pelo doutor em Saneamento Ambiental das Universidades Estadual e Federal do Maranhão, Lucio Antônio Alves de Macedo. O estudo aponta que grande parte dos bairros da capital possui um local onde o descarte irregular de lixo é feito.

Segundo o Comitê Gestor de Limpeza Urbana, a coleta de resíduos é feita diariamente em São Luís. Nos bairros menores, a coleta é em dias alternados.

A Prefeitura instalou dez Ecopontos em bairros estratégicos com objetivo de extinguir os lixões a céu aberto e incentivar a reciclagem. Desde a implantação, em maio de 2016, esses locais já receberam mais de 14 mil toneladas de resíduos, que foram encaminhadas para reuso ou reciclagem.

Os Ecopontos recebem plástico, vidro, papel, metal (até 200 kg/dia por pessoa), gesso, resíduos de construção civil, resíduos de poda, móveis velhos (até 2m³/dia por pessoa), pneus (2 unidades/dia por pessoa) e óleo de cozinha (4 litros/dia por pessoa).

Ecoponto Avenida Ferreira Gullar, no bairro do São Francisco (Foto: Flávio Chocolate/ Rádio Notícia Maranhão)

Outra ação que pode ajudar na redução dos lixões é o programa Ecocemar, realizado pela Companhia Energética do Maranhão (CEMAR). Vinte e três pontos de coletas estão espalhados por São Luís. Quem participa do programa ganha desconto na conta de energia. A porcentagem do abatimento é medida de acordo com a quantidade de material entregue.

Desde a implantação, o Ecocemar já recolheu mais de 20 mil toneladas de resíduos recicláveis, como papel, plástico, metal, embalagens Tetra Pak, entre outros. O material recolhido gerou mais de 1 milhão de reais em descontos na conta de energia de residências e instituições sem fins lucrativos.

Além da zika, chikungunya, dengue e outras doenças, a destinação inadequada de lixo contamina água, solo, ar e ainda compromete a existência humana. Coisas simples como o descarte correto do lixo pode ajudar a preservar a vida na terra.

Ecopontos em São Luís

Ecoponto da Avenida dos Africanos – Av. dos Africanos, S/N , bairro de Fátima, entrada do Parque Amazonas;

Ecoponto do Angelim – Rua 27, s/n (antes do Makro, próximo ao Restaurante Chico Noca);

Ecoponto do Bequimão – Av. 1, S/N Bequimão;

Ecoponto Turu – Travessa G, S/N, Habitacional Turu;

Ecoponto Jardim América -Avenida 03, S/N, Jardim América (Ao lado da União de Moradores);

Ecoponto Jardim Renascença – Rua Netuno (próximo à Paróquia de São Paulo Apóstolo);

Ecoponto Residencial Esperança – Rua Doutor Ribeiro, s/nº, Residencial Esperança (próximo à feira do bairro Cantinho do Céu);

Ecoponto Cidade Operária: Avenida Este 203, s/nº, Cidade Operária, próximo ao Campo do Real;

Ecoponto São Francisco: Avenida Ferreira Gullar (ao lado da Estação da Caema).

Ecoponto Anil: Rua 02

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