Maranhenses inovam em cirurgia bariátrica
Um homem com 1,70 m de altura e pesa em torno de 145 quilos está na lista dos superobesos, aquelas pessoas que têm o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 50. Quando se pensa em emagrecimento em situações como esta descrita, logo se fala em cirurgia bariátrica, a chamada redução de estômago. No entanto, não é tão simples submeter pacientes superobesos a uma bariátrica. Os riscos são muitos e os resultados nem sempre são satisfatórios. As informações são de O estado.
Na maioria das vezes, há o emagrecimento, mas a pessoa submetida ao procedimento ainda fica na condição de obeso. “Pela técnica atualmente usada, a Bypass convencional (capacidade do estômago, restringindo a quantidade de comida ingerida e desviando esses alimentos para a primeira porção do intestino), o paciente com IMC 50, por exemplo, consegue alcançar após três anos de cirurgia, no máximo, um índice de 38, ou seja, é considerado obeso ainda”, disse Abdon Júnior, cirurgião bariátrico.
Devido a esses problemas, o grupo pró-cirúrgico de cirurgia bariátrica de São Luís desenvolveu uma nova técnica para ser usada nos superobesos. É uma variação da técnica chamada Bypass, um método muito usado também para o combate a diabetes. Os médicos do Maranhão desenvolveram a Bypass com alongamento da alça biliopancreática.
Técnica
A técnica consiste no alongamento do desvio da alça biliopancreática para 300 cm e um encurtamento da alça alimentar para 60 cm, explicou cirurgião Abdon Júnior. Em outras palavras, é feito um desvio para que o alimento venha por um caminho e os sucos digestivos (bile e suco pancreático) venham por outro e se encontrem somente a 300 cm de acabar o intestino delgado, inibindo a absorção de calorias e nutrientes.
Nesta nova técnica desenvolvida pelos maranhenses, um paciente com IMC 50 pode reduzir o índice para cerca de 28, deixando a condição de obeso. Os resultados foram comprovados depois de 3 anos, tempo em que os especialistas acompanharam a evolução de 50 pacientes submetidos a este novo procedimento.
Além disso, ainda segundo o cirurgião, a nova técnica também reduziu a possibilidade do paciente voltar a ser obeso. “Com essa nova técnica, as chances do paciente engordar de novo é bem menor do que as técnicas convencionais”, disse.
Com o sucesso nos resultados da nova técnica, os cirurgiões apresentaram no Congresso da Federação Internacional de Cirurgia da Obesidade, em Londres, todos os dados da pesquisa. Cerca de 1,5 mil especialistas da área participaram do evento e puderam acompanhar e tirar dúvidas sobre o novo procedimento.
“Cirurgia de redução da obesidade para superobesos é sempre um desafio para qualquer cirurgião. E, por isso, os participantes do congresso ficaram interessados no que conseguimos desenvolver aqui em São Luís”, afirmou Abdon Júnior.
Grupo pró-cirúrgico é composto pelos médicos Abdon Marinho Júnior, José Valadão, Cristian Lamar, Giuliano Campelo, Luís Eduardo Veras e Roclides Lima.
SAIBA MAIS
A cirurgia bariátrica, conhecida também como cirurgia da obesidade e cirurgia de redução do estômago, é necessária quando a obesidade já chegou a um nível crítico e as atividades físicas não causam efeito. A bariátrica é recomendada, principalmente, para pacientes com o índice de massa corporal superior a 40.
A primeira cirurgia bariátrica foi realizada por Kremen e Liner em 1954. Nessa ocasião, o procedimento foi feito com o intuito de promover a redução de peso e foi utilizado o Bypass (desvio) do intestino. Em 1982, foi feita a inserção de um método cirúrgico que se tornou bastante utilizado ao longo dos anos, a gastroplastia vertical com bandagem. Esse método é simples e com poucas complicações. No início dos anos 1990, surgiu um novo tipo cirúrgico, que utilizava os mecanismos associados à restrição dos alimentos e à má absorção dos nutrientes. Foi desenvolvida por Rafael Capella, e o método tem seu nome, sendo bastante utilizado atualmente. A cirurgia bariátrica não tem fins estéticos e vai alterar o hábitos e a qualidade de vida do paciente, com o objetivo de fazê-lo ter uma vida mais saudável e longa.
IMC
IMC é a sigla para Índice de Massa Corporal. Serve para avaliar o peso do indivíduo em relação à sua altura e assim indicar se está dentro do peso ideal, acima ou abaixo do peso desejado. É reconhecido pela OMS como a principal referência para classificação das diferentes faixas de peso.
Apesar do IMC ser muito utilizado para verificar se o indivíduo está acima do peso ou não, este método possui algumas falhas e, por isso, recomenda-se que, além dele, utilize outros meios de diagnóstico para verificar se o indivíduo está realmente acima ou abaixo do peso ideal, como a medição da prega de gordura, por exemplo. Não é o parâmetro ideal para se avaliar o peso ideal em atletas e pessoas muito musculosas,idosos e grávidas.