28 de setembro de 2024

‘Abrigo será revitalizado’, diz Iphan

 ‘Abrigo será revitalizado’, diz Iphan
Atualmente, o abrigo dois necessita de obras, teto tem infiltrações e banheiros não são abertos ao público (Foto: Reprodução)

O abrigo “novo” da João Lisboa, ou abrigo dois, deverá ser revitalizado nos próximos meses. Pelo menos, esta é a promessa da direção da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com o órgão, o projeto para a execução dos serviços está “em fase final de elaboração” e deverá estar orçado em aproximadamente R$ 4,9 milhões. Os recursos, ainda segundo o Iphan, estão sendo angariados. A informação é de O Estado.

Além da recuperação estrutural, o abrigo da João Lisboa deverá perder os atuais azulejos que recobrem os boxes. No entorno, será colocado piso de pedra em estilo português e haverá ainda o rebaixamento das caixas d’água fixadas em cima do abrigo. O projeto prevê ainda a colocação de dois banheiros públicos para uso, inclusive de pessoas com deficiência.

De acordo com o superintendente regional do Iphan no Maranhão, Maurício Itapary, a recuperação do abrigo está incluída em um macroprojeto que prevê ainda a recuperação da Praça João Lisboa e do Largo do Carmo, onde está situado o abrigo “novo”. “Trata-se de um projeto incluído no PAC Cidades Históricas e que deverá ser financiado e executado em breve”, disse.

Maquete eletrônica confeccionada pela Grillo & Werneck Projetos e Consultorias Ltda., contratada pelo Iphan (Foto: Divulgação)

Ainda segundo o gestor, em parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) – além da recuperação do abrigo da João Lisboa -, está sendo estudada uma mudança de fluxo dos veículos nesse trecho da região central da cidade. “Se isso ocorrer, não haveria o retorno do trajeto dos carros que contornavam antigamente o abrigo da João Lisboa. Mas haveria uma mudança importante e que, sem dúvida, deverá ser garantida pelos órgãos de controle de trânsito”, explicou.

A recuperação do abrigo da João Lisboa esteve próximo de “sair do papel” em outras ocasiões. No entanto, revisões do projeto fizeram com que os reparos não acontecessem. A obra da reforma do Largo do Carmo e Praça João Lisboa prevê a instalação de novos equipamentos urbanos, como bancas e lixeiras. Além da recuperação da iluminação pública do local.

Acervo pessoal/Beto Lima

Abrigo um e abrigo dois

Antes do abrigo dois, havia o “abrigo um” (foto). Criado no fim da década de 1940, era também conhecido como abrigo “cafezinho”, por causa da grande concentração de mulheres que traziam seus bules das ruas Saavedra e do Mocambo para oferecer cafés a quem esperava por um bonde no abrigo. Se o “abrigo dois” foi projetado com as bancas para a venda dos produtos, o “abrigo um” não tinha esta configuração, conforme cita Antonio Guimarães. “Era outra configuração, mais voltada para a espera do bonde”.

De acordo com o historiador, o “abrigo um” – que chegou a ser visto de forma simultânea na região do Centro juntamente com o “abrigo dois” – foi derrubado durante a gestão de Pedro Neiva de Santana, enquanto secretário ligado à gestão estadual. Segundo Guimarães, a retirada do “abrigo um” fazia parte do projeto de reconfiguração desta região central da cidade. “Seria para dar mais fluidez para os veículos que vinham das ruas da Paz e do Egito. Mas antes mesmo da queda do abrigo primeiro, feito para a espera dos bondes, os bondes não passavam mais ali. Então, ficou nos últimos anos uma estrutura sem utilidade”, disse.

SAIBA MAIS

Tentativas de retirada do abrigo dois

Durante os anos de existência, por várias vezes, o poder público tentou intervir para retirar o abrigo dois da João Lisboa. Em 1975, a Prefeitura chegou a se pronunciar sobre a retirada da estrutura, como uma tentativa de revitalizar o Centro. No entanto, os próprios comerciantes e membros da sociedade civil impediram a consolidação da medida.

Nos anos seguintes, historiadores e nomes importantes da sociedade questionavam a existência do abrigo dois. Em 2015, a Prefeitura de São Luís iniciou uma operação para retirada das barracas dispostas irregularmente em espaço público do Largo do Carmo e Praça João Lisboa, no Centro. As ações previam a colocação das estruturas para as proximidades do atual abrigo dois ou “novo”. À época, especulou-se que o abrigo seria retirado para a fixação justamente das barracas que saíram do espaço público do Largo do Carmo, o que acabou não acontecendo.

Números

1952 foi o ano de inauguração do abrigo “novo”, abrigo dois ou abrigo da João Lisboa
1975 foi o ano em que por pouco não houve a retirada do abrigo da João Lisboa

Reforma anterior

A reforma do abrigo dois da João Lisboa, conforme referendado pelos próprios vendedores das bancas, correu durante a gestão do então governador Ivar Saldanha. De acordo com “Becos e Telhados”, trabalhadores mexeram na estrutura do abrigo dois em setembro de 1982. “Foi nesta época que colocaram estes azulejos que revestem até hoje as bancas por aqui”, disse Mariano Silva, vendedor. Antes da reforma, os veículos contornavam o abrigo dois da João Lisboa. Mas, de acordo com seu Antônio Francisco Castro, de 60 anos e que há quase 50 frequenta o Centro, foi na gestão do então prefeito de São Luís, Jackson Lago. “Foi na primeira gestão dele, para dar mais fluidez aqui nesta área. Hoje é impossível voltar ao que era antes”, disse.

Foto histórica mostra os dois abrigos em pontos da Praça João Lisboa

Ponto de consumo de alimentos nas madrugadas

O abrigo “novo” da João Lisboa também já serviu refeições para diversos trabalhadores que, muitas vezes, exerciam suas funções durante a madrugada. Um desses profissionais é o taxista João Batista, de 73 anos. Há pelo menos 49 anos, ele frequenta o abrigo – seja como admirador do lugar ou cliente. “Isso aqui carrega uma história muito grande. Vários grandes nomes da cidade estiveram ou passaram por aqui. Tenho um apego pelo local”, disse.

Abrigo dois uniu casal

O filho do seu Jorge Pereira, fundador do abrigo dois da João Lisboa, Joerbert Rabelo Silva, conheceu a esposa dele no abrigo dois da João Lisboa. “O pai dela morava aqui no Centro e trouxe ela para trabalhar aqui conosco. A gente aceitou e desde então namoramos e nos casamos. Estamos juntos até hoje”, afirmou.

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