24 de setembro de 2024

Estudo para diminuir a acidez do babaçu é apresentado

 Estudo para diminuir a acidez do babaçu é apresentado

(Foto: reprodução)

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O trabalho é desenvolvido em conjunto com órgãos governamentais e da sociedade civil, como parte das ações do projeto Bem Diverso, liderado pelo pesquisador Aldicir Scariot, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), voltado ao manejo sustentável da biodiversidade brasileira, com financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e gestão pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Adoção de máquinas para desflocular o coco de babaçu, destinação do óleo de acordo com a acidez e modernização de equipamentos fabris, são algumas recomendações dos pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que elaboraram um diagnóstico analítico para a cadeia do babaçu. O trabalho contribui para a conservação da biodiversidade do Médio Mearim, na região dos Cocais do Maranhão, e para a melhoria da qualidade de vida de comunidades tradicionais ali existentes.

“É cada vez mais necessário avançarmos em pesquisa, validação e adoção de tecnologias para a conservação da biodiversidade, gerando renda para as populações vulneráveis com sustentabilidade. Por isso, estamos trabalhando para agregar valor a um produto do extrativismo, como o babaçu”, diz Sérgio Cenci, pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos do Rio de Janeiro, ressaltando que as unidades de processamento são ligadas à Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (Assema).

Sabonete

Em análise realizada no Laboratório de Óleos Graxos da Embrapa Agroindústria de Alimentos, sob a responsabilidade da pesquisadora Rosemar Antoniassi, as amostras de óleo de babaçu coletadas no Médio Mearim apresentaram até 1% de acidez, índice elevado para esse tipo de óleo, apesar de aceito pelas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“A acidez se origina do fracionamento das amêndoas após a colheita e quebra do coco, aliada à alta umidade do clima da região, ativando enzimas que liberam ácidos graxos no óleo”, explica a pesquisadora. Para minimizar esse dano, ela recomenda que após a colheita, os cocos sejam quebrados o mais rápido possível e as amêndoas, secas rapidamente. Caso isso não seja possível, que pelo menos sejam separadas as amêndoas quebradas daquelas intactas para a extração de óleo.

Controle da acidez

“O óleo de babaçu é muito similar ao óleo de coco, e há uma grande demanda de mercado. Para isso, é preciso seguir as boas práticas de fabricação para que o produto possa ser direcionado para a alimentação de forma segura”, diz Rosemar. Por enquanto, os óleos com elevada acidez são recomendados para fabricação de sabões e sabonetes.

A pesquisadora também realizou análises no sabonete com óleo de babaçu, produzido de forma artesanal pela Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues (AMTR). A análise laboratorial indicou variação no nível de saponificação do óleo e na concentração de soda utilizada. Apesar de também estar próximo do valor indicado pela Anvisa, ela sugere um controle maior na determinação do pH do sabonete, para que não provoque irritação na pele de pessoas sensíveis, como bebês e idosos. Por isso, é recomendável pesar o óleo, determinar a concentração da soda a ser utilizada e calcular a quantidade necessária do ingrediente para a solução.

Modernização

Em relação às instalações da fábrica de sabonete, verificou-se que os equipamentos atuais são antiquados, de manutenção difícil e pouco eficientes. Além disso, comprometem a segurança das operadoras. A recomendação da equipe da Embrapa passa pela modernização da linha de processamento, o que deve gerar impactos positivos na qualidade do produto e na segurança das operações.

Paralelamente, também está sendo desenvolvida uma ração animal com torta de babaçu, em ação liderada pelo pesquisador Joaquim Costa, da Embrapa Cocais, em parceria com o Instituto Federal do Maranhão (IFMS). Trata-se de uma iniciativa que agregará valor a um subproduto do processamento do óleo e contribuirá para gerar renda e diminuir a dependência de insumos de outras regiões na elaboração do produto.

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